1.4.16

3b

do you miss me?
yes.
how much?
a little bit.
a little bit?
a little bit.

11.2.14


As gajas retro têm ar de putas.
Não das que se vendem.
Das que te fodem.

30.10.11

não chores tanto

a merda que eu engulo vai dar em volvo na certa.
aguentem-se à verborreia.

8.12.09

galheteiro


Hoje é dia de limpezas no boteco. Entre duas ou três escarras bem puxadas vai-se dando a esfregadela devida ao mosaico. Não engana o algodão, mas dá pró gasto.


De pelourico nas canelas moles levanto nuvens de pó com gestos magistrais, tusso como uma lady, cheia de lencinhos brancos. O cozinheiro está a arbitrar a sopa pingada pelo suor da testa. “A gente aqui na tasca é tudo natural! E o que não se come dá-se aos cães qu’isto de estragar o comer é pecado.”

A Dona Filomena voltou com o mesmo vison mortiço que põe ao ombro diariamente desde 1879. Às vezes perco uns minutos a observá-los, a ela e ao vison. O preciosismo do chá earl grey servido no bule de alumínio com impressões digitais sebentas. O brilho do cabelo arroxeado de velhice e o papel crepe da nuca. O vison todo esticado a tentar bebericar também um bocadinho do néctar demolhado durante exactamente um minuto e meio. Os dedinhos artríticos tilintam nos copos e murmuram pelamor de deus e palavra de honra.

Hoje há bola na sic. É dia de festa no boteco. Desdobramo-nos em palhas de aço porque é preciso arear panelas e há moelas para jantar. E ovas, queres ovas? Deslizo em corropios pelo boteco e tempero tudo a fio de azeite gourmet. E depois sentada no pátio de Marlboro em riste a conversar com os pombos que chegam atraídos pelo cheiro a marisco e salmonelas.

Meninas, está na hora da menarca. Agora sois mulheres vigorosas e tendes peitos. E eu trouxe confettis.

centro de emprego


Lavar os dentes… check!
Calçar os sapatos… check!
Ampola de Bioritmo… check!

Com a pila enfeitada de purpurinas cadentes estou pronto para sair à rua.

Uma hora no autocarro a desfiar o tártaro dos dentes e começo e entabular conversas mentais. Tento adivinhar como de todas as outras vezes o conteúdo da lancheira de lata do senhor que se senta ao meu lado. Está na altura de renovar a quest, há três meses que não vejo ali nada além de membros dos mortos de telejornal.

Está calor, colega! Isto no inverno ainda se vai carregando na roupa mas o verão não dá hipótese.

Fiz que sim com a cabeça. Percebemos que somos velhos quando respondemos a merdas destas. Um homem do século XXI que esfolia as bochechas uma vez por semana não se perde a falar do tempo com alguém que se passeia com mortos ao pé das sandes de presunto.

Wägen halt! Parada solicitada! Mando o voo da Fénix nos três degraus do autocarro e digo bom dia aos turistas, todo eu cheio de dentes. As japonesas batem palmas electrónicas e murmuram onegai shimasus num aparato de hello kitties e malinhas cor de rosa.

Hoje é um bom dia. Vou pela rua em pontas, sou a prima ballerina na Flandres. A ovulação está no ar e o bichedo lisboeta emana uma aura de menstruação e bolos quentes. As putas do campo grande já fecharam a loja. Tivesse eu vindo mais cedo e dispensava-se a meia hora de passadeira no holmes place.

Só faltam uns vinte minutos no metro mas parece que andam a colher gente das linhas. Goodnight sweet prince, espero que fiques confortável na lancheira de lata que eu ainda vou ao escritório mostrar as purpurinas ao chefe.

O Simões trouxe cristais Swarovski. Estou fodido.


11.4.08

seis posts num dia

devo estar mesmo cheia de merda para dizer.

can i get a hallelujah?




When you're all grown up
You'll have the blues
Life'll give you that wedding ring
Fancy cars and diamond things
You best believe in jesus' way
And never fall asleep forgetting to pray

feeling over-smoked?


dez lamúrias por gole

E eu não vou deixar de beber
Como gin
E para estar sóbrio não basta
Só pensar em mim

Nao era isto qu’eu queria ser
E o que me deixa mal é o que me faz viver
Sinto a roupa fria e o corpo dorido
Sinto o cheiro a vinho mesmo sem ter bebido nada
Isto é só um copo
A boca já me arde
O homem varre o chão e diz que já é tarde
“Senhor só (bon voyage) é hora de fechar”
A lua é a mulher que hoje vou abraçar

já lá vão uns dias

Não compreendo quem me diz ser capaz,
De sacudir a liberdade isso é demais.
Eu quero ser o que amanhã quiser,
É com teu ego que sais.

250474

we believe that those willing to trade their freedom for temporary security deserve neither and will lose both.

5.11.07

butacas coloniales

Gosto de ler revistas. Revistas giras, revistas interessantes, revistas desinteressantes, revistas de moda, revistas de decoração.

Lá em casa tenho vários números da El Mueble. Já sou adepta das griferias Grohe, das estanterias que ficariam tão bem naquele rincón abandonado da sala. Dou por mim a pensar como como dariam vida ao meu cuarto umas butacas coloniales, constrastando con la mezcla de diseños y muebles modernos que lá tenho.

E depois leio a Super Interessante e descubro como estará o céu em Janeiro e rejubilo ao pensar que vou poder ver a Cassiopeia a olho nu na Quarta-Feira. E vejo fotografias de bebés in vitro e in útero e in todo o lado. As pessoas gostam de bebés, mesmo as que gostam de coisas interessantes. Antítese, é o que eu penso, antítese!

Hoje comprei uma revista daquelas pá frentex, cultura urbana e assim, a Umbigo. Há lá perguntas tão divertidas como ‘o que achas da miscigenação de culturas?’ e aposto que o Milton Gulli, rei da ’afro coolness em estado puro’, nem sabe o que é uma miscigenação mas responde com um palavreado sabedor e bem-dizente. E bem-vestinte também, com os seus ténis air forceone nike, pólo nike e calças do próprio e aquela cara de Chris Cornell há dez anos atrás.

E poemas bonitos que aquilo tem!

E Responde à lascívia e ao denodo
Abraça nessa luz o alvoroço
De seres o animal que me conduza

À loba negra que em ti habita
E sob esta penumbra desoculta
A mancha branca que a cama oculta

E aquela assonância na última estrofe? Lhéka, é o que eu digo, lhéka!

Não vejas tv, lê livros desconhecidos, ouve bandas que ninguém conhece, usa marcas que toda a gente conhece, faz compras no bairro alto, torna-te apreciador de arte moderna. Go ahead, be different, be just like us!

Gosto de publicidade, e de revistas cheias dela. Página sim, página não, página sim, página sim, página sim, página não, página sim disfarçada, página sim descarada, página não.

Também leio a cosmopolitan, leio pois. Já sei 375 formas de satisfazer sexualmente um homem. Sei evitar confrontos no local de trabalho e passar à frente na fila das fotocópias. Sei ser simpaticamente discreta, evitar o escândalo e vestir bem todo o ano.

E leio muitas mais revistas, pois claro que leio. Mas essas são secretas. Mexericos e correio sentimental não são leitura para uma jovem mulher no século XXI.

16.9.07

potential danger posed by a living or biologically-derived material

Só de pensar que fui avisada e nem liguei. E disseram-me olha que te magoas e dói e sangra e vais mudar. E eu pensei que não me importava com as dores e os sangues (é como uma pica, olhas para o lado e não vês e não vês e não dói) mas afinal agora é em vácuo e fica tudo lá guardado e hermeticamente selado e quer sair mas não pode.

E depois pões tudo num contentor amarelo com o símbolo biohazard que fica tão bem nas tatuagens. E é engraçado, depois das tatuagens do símbolo de biohazard a agulha vai para o contentor amarelo biohazard. Como se diz em português? Hum.. mas não mudei. Fiquei na mesma mas agora tenho uma pintinha e fiquei roxa e caiu pele ‘nunca tires a crosta que depois deixa cicatriz!’ mas eu tiro sempre a crosta e não ligo e agora a marca não bronzeia e é mau no verão. E depois não tenho amigos porque sou branquinha demais.

Gosto de trovoada. Tázouvir?

28.5.07

PDS - Pacto do Solteirismo



somos defensoras do solteirismo!
e não telefonaremos no dia seguinte!



PDS PDS!

2.5.07

acéfala

às vezes as pessoas falam..

falam..
falam..
falam..
falam..

falam..
falam..

falam..
falam..


e de repente calam-se!

e eu não sei porquê.